terça-feira, setembro 21

Excesso

"Como é irónica a expressão «perigosamente bem». Exprime precisamente o paradoxo, a duplicidade de se sentir «bem de mais».
O excesso é simultaneamente um dom e um flagelo; provoca simultaneamente deleite e angústia. Os pacientes com mais capacidade de introspecção sentem este paradoxo. «Tenho energia a mais», disse um doente com a síndrome de Tourette, «as coisas têm brilho a mais, impacte a mais. É uma energia febril, um brilho mórbido.»
«Perigosamente bem», «brilho mórbido», uma euforia enganadora que esconde abismos negros. É esta a armadilha que o excesso estende, quer seja o excesso natural sob a forma de uma desordem intoxicante quer seja um excesso pessoal sob a forma de um vício excitante."

Oliver Sacks in "O homem que confundiu a mulher com um chapéu"

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