segunda-feira, outubro 4

Poetas Andaluces

Primeira Música do Dia (04/10)

Quando era miúda, enquanto os meus amigos e colegas ouviam a Cidade FM, eu destacava-me da típica adolescente porque ouvia a Nostalgia, o agora Radio Clube Português. Não me recordo bem se foi nos tempos da Nostalgia ou se do RCP, mas lembro-me de uma época em que passavam esta música com alguma regularidade. Não é propriamente uma música que agrade a um jovem, sendo que se trata de uma música revolucionária espanhola. E sim, eu ouvia isto e adorava. Foi sempre uma música da qual não me recordava, à qual não ouvia por livre vontade, mas sempre que ela regressava, me fascinava e encantava. Porquê? Não sei bem, mas tenho queda para este tipo de coisas.
A tão característica musicalidade de revolução é sempre chamativa, apesar de na altura não perceber nada do que a música me dizia. Penso que este tipo de canções acabam por ser transversais a todos, ultrapassando as barreiras linguísticas, culturais, chamando as emoções. Já todos os povos viveram momentos desses, há sempre algo com que nos podemos identificar naqueles tempos antigos e que tanto marcam as gerações de hoje. É uma música "à 25 de Abril", pensava eu. Acho que são as vozes do coro em repetição lá atrás, sempre no mesmo ritmo, que mais me fascinam, é o que dá força à música.

"Poetas Andaluces de Ahora", interpretada pelos Agua Viva, a letra é um poema de Rafael Alberti, um importante escritor e poeta Espanhol que viveu 38 anos em exílio, devido ao regime Franquista.
Ora aí está música de revolução! Que história, para além daquela que conseguimos perceber pela letra, estará a música a contar? Sobre que pessoas, que vidas e que momentos? Esse misterioso significado, perdido no tempo, que está intrinsecamente ligado a este tipo de canções é o que realmente me cativa nelas. São nostálgicas, remetem para esse estado de espírito.
Eu sou nostálgica por natureza, e este tipo de músicas funcionam como íman para mim. É como se eu pudesse ficar parada ali naquele tempo, no passado, que é onde gosto de estar, onde sinto esse "estado melancólico causado pela falta de algo" mas que realmente não me falta, porque nunca estive lá na realidade, nunca foi meu.
Cada vez mais penso, o quanto o nome da rádio se adequava, às musicas e a mim. De uma rádio chamada Nostalgia vinham as músicas certas para uma rapariga nostálgica.

Fica a música e a letra em baixo. Espero que gostem.




¿Qué cantan los poetas andaluces de ahora?
¿Qué miran los poetas andaluces de ahora?
¿Qué sienten los poetas andaluces de ahora?

Cantan con voz de hombre, ¿pero dónde los hombres?
con ojos de hombre miran, ¿pero dónde los hombres?
con pecho de hombre sienten, ¿pero dónde los hombres?

Cantan, y cuando cantan parece que están solos.
Miran, y cuando miran parece que están solos.
Sienten, y cuando sienten parecen que están solos.

¿Es que ya Andalucía se ha quedado sin nadie?
¿Es que acaso en los montes andaluces no hay nadie?
¿Que en los mares y campos andaluces no hay nadie?

¿No habrá ya quien responda a la voz del poeta?
¿Quién mire al corazón sin muros del poeta?
¿Tantas cosas han muerto que no hay más que el poeta?

Cantad alto. Oiréis que oyen otros oídos.
Mirad alto. Veréis que miran otros ojos.
Latid alto. Sabréis que palpita otra sangre.

No es más hondo el poeta en su oscuro subsuelo.
encerrado. Su canto asciende a más profundo
cuando, abierto en el aire, ya es de todos los hombres