terça-feira, outubro 27

O livro que estava a ler.

Acabei de ler o que é capaz de ser o meu livro favorito até agora. É uma das histórias mais originais que já li. Além disso, o livro contém muito factores para ser um adorado. Mas primeiro deixem-me contar-vos a história do principio.

Comprei o livro “Memória de Tubarão” de Steven Hall apenas e simplesmente pela capa. Muitos de vocês diriam: a serio? Sim, a sério. Não tinha qualquer referência do livro, nunca tinha ouvido falar dele, não conhecia o autor, nada de nada. Aconteceu quando estava na Bertrand à procura de outro livro quando me deparo com este e achei que a capa era original e mesmo à Designer. A capa é feita de letras, numa composição tipográfica que me captou o olhar, ainda que não seja nada de especial e bonita. Mas achei: “ora aqui está uma capa que não se vê todos os dias, feita de letras e composições tipográficas”. A criatura designer que vive dentro de mim apaixonou-se e eu comprei.

Ora então ponto Nº 1 – CAPA COM TIPOGRAFIA.

Nº 2 O livro não se serve de imagens ou ilustrações para descrever a história, como acontece em alguns livros, serve-se de letras e composições de letras e esquemas de letras para o fazer. O que é o mais interessante nisto tudo? Primeiro quer dizer que não foi apenas uma história escrita que foi dada à editora e que alguém no departamento de design se pôs a paginar o livro e fez uma capa. Significa que o autor teve que trabalhar com o designer porque as composições têm que fazer um sentido na história e são feitas de letras por um razão.
Segundo porque traz uma perspectiva completamente diferente do que um livro de literatura pode ser. Já não é só texto corrido e seguido, em que é a nossa imaginação que faz tudo, o texto aqui eleva-se a um nível superior, tem uma segunda função, ele não descreve a história ele é a história! E isto meus amigos é super original!

Nº 3 A construção das personagens está excelente. Com diálogos deliciosos, momentos de uma fofura que apetece que nunca mais acabe. A maneira em geral como a história é escrita e contada, linguagem simples mas bonita, com analogias super interessantes. Já vos falei das personagens?! E dos diálogos?

Nº 4 Tem uma personagem que é sempre constante em toda a história: um gato! Eu adoro gatos, e o autor conseguiu tirar todas as características típicas dos gatos e transporta-las deliciosamente para aquela personagem. E o gato no livro vai a todo o lado. Mas mesmoooo a todo o lado e eu adoro isso! Acho do mais fofo e também original. E vocês agora estão a pensar: aaa.... sim ok um gato, sim aparece no livro todo e depois? O que é que isso tem demais? E eu digo: quando lerem o livro vocês vão perceber.

Nº 5 É a história mais original, esquisita mas ao mesmo tempo apelativa que já vi. Como diz na capa tem uns laivos de Matrix e Memento. Diria até que é de ficção cientifica, e é tão confuso que diria até que se parece com Lost lol. Tem momentos super interessantes e emocionantes mesmo á la Lost em que a pessoa quer mesmo é saber mais! E os capítulos acabam com cliffhangers! à la Lost! E vocês sabem como eu gosto de uma história que me prenda pelo mistério pela surpresa e emoção... Digamos que os capítulos acabam sempre e exactamente no sitio certo, onde devem acabar. Sem tirar nem pôr.

Nº 6 Um dos meus pontos favoritos! O livro tem uma animação, como as que se faziam antigamente em que se passarmos as folhas de uma bloco rapidamente o desenho que lá está é uma animação que se mexe. Lembram-se disso? ESTE LIVRO TEM ISSO a certa altura do livro, surgem uma série de páginas brancas com uma uma composição tipográfica que forma uma personagem e se folhearmos rápido para a frente essa personagem tipográfica digamos assim, ganha vida e move-se e isto faz todo o sentido na altura em que acontece porquê é o que está a acontecer exactamente na história. Mais uma vez lá está, o conceito do texto elevado a algo mais, não é só texto que descreve a historia, ele é a história!

Nº 7 Tem daqueles finais em que uma pessoa precisa urgentemente que alguém também leia o livro para o poder discutir!!! Por isso Filipa é bom que te despaches! XD

Nº 8 Tem aquele excelente excerto que postei aqui à 2 posts atrás, que acho deslumbrante. Está muito bem apanhado e descrito. Quando o li proporcionou-me mesmo um daqueles ahah! moments.

Nº 9 Devo dizer que o livro também contribuiu para o deleite do ser shipper que há em mim :D lol.

Nº 10 É daqueles livros em que dei por mim a sorrir feita parva para a página ou a rir sozinha no meio de um jardim, ou parque público em que estava sentada. E isto aconteceu algumas vezes... Adoro tudo aquilo que me consiga tirar reacções espontâneas. Sejam elas emoções tristes, alegres, desde que crie emoções!!!


E para acabar, deixo-vos com outro excerto:

“Também eu de olhos fixos no vazio, senti um leve e flutuante trecho de música a elevar-se da parte mais recôndita da minha mente. Fez-me pensar em como, nas partes sombrias do nosso ser, máquinas pensantes que nunca chegamos a vislumbrar estão constantemente a construir coisas e a executar os seus próprios programas secretos. Talvez tenhamos acesso a pequenos extractos do que se passa lá atrás, como aquele fragmento de uma música a vaguear lentamente até á superfície, ou uma frase, uma imagem, ou talvez um simples estado de espírito, uma lavagem de conteúdo ou um triste esvaziar de cor que nos invade o peito e o estômago, mas que nunca chega à intensa lâmpada de halogéneo da nossa mente.”

quarta-feira, outubro 21

...5

"Mayor que el amor hacia la libertad es el odio a quien te la quita"

Esta frase faz-me lembrar Barcelona, estava escrita na parede exterior num prédio abandonado e ocupado pelos movimento dos Los Ocupas. Passava por lá todos os dias para apanhar o comboio :)

domingo, outubro 11

TED_How my legs hive me super powers

Another great TED Talk it's inspiring. Enjoy!

quinta-feira, outubro 1

"E ninguém reparou"

"(...) reparei como a sombra de um poste telefónico se deslocava entre os jardins de duas casas ao longo de várias horas, desde o almoço até ao fim da tarde. Depois de observar este processo algumas vezes, fiz as contas: o movimento da sombra, de um jardim até ao outro, significava que ambas as casas, o poste telefónico, a rua, todos nós, viajáramos mil cento e sessenta milhas em torno da terra com o rodar do planeta. Também tínhamos viajado aproximadamente setenta e seis mil milhas pelo espaço em torno do Sol no mesmo período e muito, muito mais no âmbito da espiral mais vasta da Galáxia. E ninguém reparou. Não há imobilidade, apenas mudança. O aqui de ontem não é o aqui de hoje. O aqui de ontem está algures na Rússia, num deserto do Canadá, é um azul profundo algures no meio do Oceano Atlântico. Está por trás do Sol, no espaço, centenas de milhares, milhões de milhas atrás. Nunca é possível acordarmos no mesmo local em que adormecemos. O nosso sítio no Universo, o próprio Universo, tudo muda mais e mais depressa a cada segundo que passa. Todos e cada um de nós neste planeta nos movemos para diante, e nunca, nunca voltaremos para trás. A verdade é que a imobilidade é uma ideia, um sonho. É o pensamento de luzes amistosas e acolhedoras que ainda brilham em todos os locais que fomos obrigados a abandonar."

Steven Hall in "Memória de Tubarão"